quarta-feira, março 31, 2004

Informação importantíssima

O Governo não avisa dos perigos para a saúde pública.
Qualquer pessoa que utilize regularmente os transportes públicos deve ser informada que cada pessoa produz e liberta por dia o equivalente ao conteúdo de duas garrafas de Coca-Cola, de gás. Mas que há excepções. O Governo devia avisar que a maioria dos grunhos que estão acima da média, só usam os transportes públicos, e produzem gás suficiente para encher cerca de duas garrafas de Coca-Cola, mas de litro e meio...
O caso pode ficar ainda pior, pois com o acumular de gás existe a possibilidade de uma concentração de tal modo acentuada, que se torne perigosa para os seres vivos que se encontrem por perto.
E assim se explica o facto de ser proibido fumar nos transportes públicos.

terça-feira, março 30, 2004

Etimologia da misericórdia

A palavra misericórdia é com toda a certeza proveniente do latim.
Levanta-se-me sempre uma questão quando penso na palavra misericórdia e na Santa Casa da Misericórdia. Será que a palavra misericórdia provém de miséria ou de mixórdia?
Eu sei que soa esquisito, mas é que sempre que passo no Largo da Misericórdia, sinto sempre que tudo tem um aspecto deplorável. Acho que fico com essa impressão sobretudo devido à inimaginável quantidade de pintura de pombo depositada às camadas durante longos anos.
Bem, ou isso ou o cheiro nauseante do McDonald’s que empesta sem misericórdia o ar do largo e das sete ruas em volta.

segunda-feira, março 29, 2004

Cálculo de probabilidades

Meu amigo, eu gostava de saber se estou em segurança a andar pelas ruas de Lisboa.
Por exemplo, quais são as probabilidades de andar 200 metros a pé sem ser bombardeado com tinta de pombo? E quais as probabilidades de ser atingido (quase mortalmente) por um balázio de gaivota, estes sim muito muito perigosos!?
Alguém já pensou que pior que o perigo vindo do céu é o perigo no chão, os presentes canídeos minam qualquer viela e ao mínimo deslize corremos o perigo de deslizar e perder o toque do requinte. Qualquer lindo fato perde o requinte com um simples toque de um destes mal embrulhados presentes. Entrar no emprego de fato novo e com merdum num sapato manda o estilo do Tony imediatamente pela janela.

sábado, março 27, 2004

Imagens de Gays nos maços de Marlboro

Eu acho muito bem que se tente assustar os fumadores com as etiquetazinhas a dizer preto sobre branco que FUMAR MATA, especialmente porque realmente parece que as pessoas que fumam ficam muito surpreendidas quando adoecem...
– Xiii, quem diria... a vida é tão injusta, tão jovem e já com cancro... e ele que só fumava há vinte anos...
Epá toda a gente sabe que quem fuma fica amarelo e morre de cancro... Ainda bem que eles avisam os pobres inocentes fumadores... que realmente se calhar nem sabem mesmo que fumar mata…
Eu realmente acho isto um esforço muito bom... mas para acabar drasticamente com o número de fumadores, a única solução possível é definitivamente, em vez do retrógrado e contraproducente autocolante branco com letras a preto, eles deviam era pôr imagens de gays nos maços de cigarros. Quem era o macho que ia de manhãzinha ao café lá do bairro comprar o belo do pacote de cigarrinhos, com um granda machão de pilinha de fora e rabo rapadinho e chicote na mão?
A solução é simples, não se percebe porque é que o Governo ainda está a perder tempo...

sexta-feira, março 26, 2004

Ratos de brasão

Ao lado da Procuradoria-Geral da República existe um edifício vermelho muito pomposo. Tem dois brasões em azulejo muito senhoriais, todos lindos lindos.
O estranho é que por baixo da pintura de um dos brasões, ainda em azulejo, estão representados dois pequenos ratinhos, cada um a fugir para o seu lado.
Não sei se será costume isto acontecer, mas eu se fosse desta família nobre, não me ia sentir muito seguro da minha nobreza, com dois ratinhos no meu brasão.
Aliás, esta roedora situação dá uma ideia da nobreza e da realeza em Portugal neste momento. Se é que existe, nem os ratos dela vivem.

Durão é uma boa pessonha

Na ombreira da porta do Supremo Tribunal Administrativo alguém escreveu uma mensagem com uma letra muito cordial e com ar de coisa séria.
Entrando no edifício, pode ler-se: Durão é uma boa pessoa.
Ora, isto é uma coisa séria de se dizer, parece sincera e até simpática.
Mas qualquer coisa me diz que assim não é. Tão cordial e lavadinha de asneiras está concebida a mensagem que nos leva a desconfiar. O que só torna a mensagem ainda mais interessante.
Talvez seja mesmo um graffiti de apoio. Mas mesmo que seja um fã de Durão e que o seu coração amoleça com Durão, e que pretenda amansar o nosso abananado rei dos peixes Durão, isto soa em toda e qualquer possibilidade de leitura como uma grande brincadeira cheia de ironia saudável, um humor com bom nível.
De outro modo já há muito que este pequeno graffiti teria sido lavado pelas funcionárias da limpeza do nosso Supremo Tribunal Administrativo, pois claro.

quinta-feira, março 25, 2004

Fadista curioso

Tenho visto um senhor muito curioso. Um verdadeiro senhor do mundo. Universal mesmo.
Imaginem a situação. À hora de almoço, ao lado de um café seboso com cheiro a óleo de vinhaça, um senhor de meia-idade está sentado à porta de um prédio.
Com óculos, orelhas bem saídas da cabeça, cigarrinho sempre aceso e uma bela cerveja já começada.
Em tom de fadista, mas baixinho, este senhor canta com saudade o dia mundial que se esteja a viver nesse mesmo dia.
Quem o queira ouvir tem de passar bem pertinho, pois é bem discreta esta personagem. Está sempre bem arranjadinho e muito sorridente e alegre. Não tem de todo um ar pobre ou demente.
Mas o seu bom aspecto de pimpão divertido não só não o impede de cantar em público o dia mundial disto e daquilo como também dá um gostinho mais verdadeiro a este singular fadista alfacinha.

quarta-feira, março 24, 2004

The Invisible Kid

Hoje reparei num rapaz a colar um tag amarelo nos Restauradores.
Todo gingão, armado em "very-nice" a colar um tag assim todo girinho com letras pretas como se fossem do logótipo de um filme. Cheguei-me perto e pude ler: The Invisible Kid.
Hmm… não sei se vou cometer uma inconfidência, mas ele não é assim muito invisível.
Ás vezes a publicidade é enganosa, mas isto é incrível. Aonde é que isto vai parar? Já contactei a Deco, eles disseram que ele vai mudar os tags. Parece que a partir de agora só vai assinar como: The almost Invisible Kid.
Não é tão giro, mas também é catita.

terça-feira, março 23, 2004

A grande bruxa

Vi hoje provavelmente o nome mais estranho que já li escrito numa parede lisboeta.
Por favor alguém me explique que eu sinceramente não percebo. Mas porque é que alguém há de querer ser conhecido na sua zona como: BRUXA DA TUSA.
É discutível se alguém tem o direito de escrever numa parede o seu nome ou outra coisa qualquer, mas, de certeza que não há discussão acerca deste assunto - toda a gente está de acordo sem dúvida que não é normal alguém achar uma boa ideia querer-se chamar Bruxa da Tusa,
O meu conselho para a Bruxa da Tusa é o seguinte: antes de assinar mais bancos de jardim pense primeiro, escute o que lhe diz o Senhor Bom Senso… e de preferência não assine mais esse seu nome estranho de proveniência duvidosa e de significado… intrigante.

segunda-feira, março 22, 2004

Transformar pombos em perus

Nem sempre nos orgulhamos de escolhas que fizemos outrora. Pelo seguinte relato sinto remorso e arrependimento, pelo que peço desculpa a quem se possa ofender.
Ora nos idos de noventas, eu passava umas férias em regime de tortura desportiva do mais saudável possível. A caminho do almoço e de volta aos treinos praticava em conjunto com o resto da equipa o nojento desporto de transformar os pombos de Lisboa em perus do campo. Para praticar esta actividade extracurricular é preciso somente uma boa pontaria e um escarro valente. O primeiro desportista a conseguir que um pombo se pareça com um peru do campo é o vencedor.
A juventude é cheia destas pequenas coisas que não queremos que os nossos filhos saibam.

domingo, março 21, 2004

Ataque castiço

Eu acho que seria muito interessante para o nosso país que de vez em quando fossemos surpreendidos na hora de ponta da televisão por uma emissão pirata que atacasse de rompante as emissões de todos os canais.
Sugiro que uma vez por ano, em vez de termos os nossos lindos telejornais a aborrecerem de morte os espectadores, surja para júbilo das massas, um agradável vídeo-clip dos bonitos e simpáticos Ena Pá 2000 com a catita música Piça de Metal, na qual se podem ouvir as sábias palavras:- Tenho uma piça de metal, sei que não é nada mal!
Uma vez na vida seria agradável sentir a comunhão dos diferentes grupos etários, unidos a escutar uma tocante melodia que interrompia por momentos a sua aborrecida emissão habitual.
Este grupo terrorista, sem intenção de qualquer espécie, viria mostrar por exemplo ao Médio Oriente, que se podem exercer ataques terroristas simpáticos e castiços!

sábado, março 20, 2004

Media Merdia

Parece-me a mim muito estranho como funciona a selecção de pessoas importantes para as revistas da alta sociedade.
Por exemplo, será que existe uma importância dada à inteligência, qualidades intelectuais, estudos ou coisa que o valha? Será pela medida da conta bancária? Será que pesam os cartões de crédito de cada um que se candidate a aparecer entrevistado numa dessas Caras ou coisa parecida?
Na minha opinião, eu acho que o constante destaque mediático dado a certas pessoas é um facto digno de um episódio dos ficheiros secretos. É totalmente misterioso e inexplicável.
O facto de por exemplo, a Senhora Lili Caneças surgir continuamente nos media, é como o cotão ao canto da sala. Não sabemos como, mas está sempre lá.

quinta-feira, março 18, 2004

O amigo imaginário

Muito recentemente fiquei muito satisfeito por conhecer mais uma personagem bizarra das ruas de Lisboa - um senhor com cerca de 30 anos, fardado a rigor de “sem abrigo”, com aspecto muito sujo, cor de fuligem nas barbas, calças, face e boné.
Quando o vi, ele vinha pela rua muito divertido, a fingir que falava ao telemóvel, com a mão vazia ao pé da orelha como um verdadeiro gentleman bem integrado e “com abrigo” na sociedade. O detalhe desta situação que me divertiu verdadeiramente foi sem dúvida fora do comum - sempre que este senhor se cruzava com outra pessoa, desatava a gritar: Vai pró Kralh!
Supostamente estes berros seriam destinados ao intercomunicador telefónico imaginário e realmente assustavam os transeuntes que consigo se cruzavam.
Muito bem me soube levar também um grito bem alto em tom de ordem para ir para o tal sítio… muito agradável este divertido personagem, de longe bem mais divertido que os outros transeuntes que usam telemóveis. É tão fácil insultar toda a gente com um pretexto tão simples.
Mas enfim, nem toda a gente pode ver a vida com estes olhos tão diferentes.

Tag com acidente feliz

Alguns dos meus tags preferidos são os que sofrem acidentes e que por isso ficam alterados.
Um dos mais interessantes que já vi foi feito num corrimão de borracha de uma escada rolante. Como a tinta não adere facilmente àquele suporte de borracha e como as escadas não param por ninguém, a tinta da assinatura foi arrastada, deixando apenas as bordas do desenho que já tinham secado um nadinha e que tinham menos quantidade de tinta. Criou uma situação que nenhum tagger alguma vez se lembrou - retirar a tinta em excesso deixando ficar apenas os contornos.
Vale a pena ficar atento às escadas rolantes da estação da Baixa-Chiado que foi onde eu pude observar esta assinatura em azul escorrido.

terça-feira, março 16, 2004

Resina escorrendo

Há alguns dias pude visitar uma exposição muito interessante.
Uma rapariga passou 3 meses a juntar 150 quilos de resina de pinheiro.
Isto já por si é uma coisa que não lembra a ninguém, mas enfim.
O que a moça fez foi aquecer a resina até derreter, depois vazou-a líquida para formas de pedra para criar paralelepípedos de resina.
A exposição consistia em observar as alterações da resina. Os vários blocos de resina eram pendurados por fios. Alguns pendiam, ficavam moles, pareciam querer pingar mas sem conseguir.
Era lindo. Fantástico. Que coisa maravilhosa. Uma óptima ideia, com uma distribuição no espaço muito bem pensada.
Os vários blocos estavam pendurados em várias alturas e o espectador podia-se relacionar com os objectos de várias perspectivas, mais acima, mais abaixo e ao nível dos olhos. Merece uma visita se ainda por lá estiver.
Transforma - de Hana Perinova. No espaço da Associação de Estudantes da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa.

segunda-feira, março 15, 2004

A Cara do Rocket

O tagger de autocolante “Rocket” deu a cara no seu novo autocolante.
Tem uma cara triste, inscrita num alvo como não podia deixar de ser.
Tá bonito, tá catita, tá diferente.
Faz lembrar uma foto de passe do rapaz. Ainda não percebi o que quer ele dizer com isto, mas pelo menos esforça-se por fazer alguma coisa original e alterar o estado e o aspecto das ruas da baixa lisboeta.
Força moço!
E não deixem por favor de reparar também nos seus novos rockets, mais aguçados com impressão melhorzinha e aspecto a mandar prós velhinhos Transformers.

A importância do clítoris

Na revista Visão de 11 de Março existe uma citação de tal ordem bárbara e despropositada que merece um comentário e uma eventual chapada com um cação.
Parece que um tal senhor de seu nome Miguel (o Rabo) Paiva, deputado pelo CDS/PP, disse isto: “ [A importância do clítoris] é algo subjectiva. Tem uma função essencial no prazer sexual mas, para além disso, a sua mutilação não afecta nenhuma função vital [nomeadamente] a função reprodutiva.”
Antes de mais eu sei que sendo um membro do CDS/PP as pessoas não esperam postas de pescada melhorezinhas, mas bolas, este gajo merece uma resposta.
Antes de mais, este Sr. Tola de Pilinha, não sabe que todos os anos morrem centenas de crianças submetidas a estas excisões brutais, devido a processos antigos de corte e costura sem condições nenhumas, com lâminas sujas e ferrugentas.
Antes de este abrunho poder dizer tal parvoeira, é preciso ter a noção de que o Homem tem o prazer como uma parte muito importante da sua existência.
Muito antes de este homo sapiens de cuecas apertadas poder dizer seja o que for, é preciso que se disponibilize para que um bruto do talho perto da sua casa, lhe corte a sangue frio a sua glande. Isso não tem mal nenhum visto que, à parte das dores insuportáveis no dia e nos dias a seguir ao corte, e de que todas a relações sexuais que tiver vão ser uma autêntica tortura, isso não lhe afecta nomeadamente a função reprodutiva.
Isto, claro está, muito antes de ele poder decidir pelo corte ou não da sua inútil glande. Antes claro de ele saber se vai sobreviver ou não, à infecção.
Este Sr. Miguel (o Rabo) Paiva devia estar calado.
Sr. Miguel (o Rabo) Paiva, o direito à escolha, o direito à vida e o direito ao prazer são aspectos fundamentais da vida humana. Por favor chegue o Rabo à recepção e tire a cabeça do seu ânus, respire ar fresco. Acho muito bem que defenda as coisas em que acredita, mas este pormenor do seu discurso é descabido, mal informado, despropositado e inumano.

sábado, março 13, 2004

O punk da crista

Certo dia num bonito concerto dos lindos Tara Perdida surgiu no meio da multidão uma personagem bem engraçada.
Bem no alto dos seus quinze aninhos erguia-se uma crista à boa moda punk, bem espetadinha e estaladiça como manda a regra.
No meio da saudável porrada e pancadaria, que não pode faltar num concerto que se preze, este rapazito conseguiu com a ajuda de um amigo saltar para cima da multidão e nela navegar por momentos. Tudo certo até ao momento em que este "crowd surfer" perdeu o equilíbrio e se puderam ver os seus pés a apontar para os céus, desaparecendo imediatamente a seguir no meio da animada rambóia ali instalada.
A aparição seguinte deste engraçado moço foi deveras interessante, pois a orgulhosa crista tradicional de punk estava agora mais ao estilo de um peru, em que a crista pende pastosamente para um dos lados da cabeça.
Tal foi o tombo, que o agressivo penteado não resistiu e cedeu à violenta pancada, sentida nas tábuas do chão até aonde eu me encontrava, alguns quinze ou vinte metros atrás!

A senhora dos sacos-----2

Durante a noite, a senhora dispunha os sacos de plástico em círculo e sentava-se no meio. Criando a sensação de ilha numa aparente busca de intimidade. A privacidade possível para uma pessoa que viva desta forma.
Já outras vezes observei este comportamento em outras pessoas sem abrigo, esta criação de um espaço íntimo, que afasta as outras pessoas de si.
Nesta situação de privacidade esta senhora já de idade desaparecia por completo no meio da imensidão dos sacos. A senhora tinha uma corcunda e era perfeitamente imperceptível do exterior. Dava a sensação que se misturava, parecia ser mais um saco no meio dos outros.

sexta-feira, março 12, 2004

A senhora dos sacos-----1

Uma senhora sem abrigo passou alguns dias na zona em que eu moro. O curioso nesta senhora era que possuía mais ou menos 25 ou 30 sacos de plástico de grandes dimensões. Sacos com roupas, tralhas, lixo. Os pertences de alguém, mesmo que de um sem abrigo são imensos.
Era muito curioso vê-la lidar com os seus sacos. Para serem transportados requeriam uma grande habilidade. A senhora transportava-os um por um, formando uma fila pela rua toda. Parecia uma autêntica instalação, um tomar conta da rua como um verdadeiro artista plástico.
A situação tornava-se caricata ao atravessar uma estrada. A senhora já de idade avançada juntava primeiro os sacos todos de um lado da estrada e depois um por um, iam sendo passados para o outro lado.

quinta-feira, março 11, 2004

Graffiti num vidro

Mais uma vez pude observar uma alteração inadvertida de um graffiti que melhorou em muito as suas qualidades.
A verdade é que o moço que decidiu fazer este graffiti não fez a melhor opção em termos de durabilidade para a sua obra. Uma pintura sobre vidro está sempre sujeita a levar uma pedrada valente. Um graffiti igual a todos os outros mas com a diferença de ter um buraco e um estilhaçado de uma vidraça é lindo. Ficou fabuloso. Está soberbo. Foi para mim muito surpreendente o que este acidente criou. Mesmo na aparente destruição de um vidro partido, existiu uma criação muito muito positiva e original. Quase que a seguir o exemplo do vidro partido do Duchamp, este vidro acidentado criou uma situação inesperada mas com um aspecto final muito aprazível. Que o melhorou imensamente.
Nenhum miúdo pintor de paredes conseguia idealizar esta pintura.
A minha sugestão para quem quiser fazer graffitis por aí é, esforcem-se por fazer diferente do resto. Outro estilo. Experimentem porra! Vejam livros. Passem 10 minutos na secção de arte da Fnac. Era um favor que faziam a vocês e ao graffiti português!

terça-feira, março 09, 2004

MEC 2

Miguel Esteves Cardoso é fantástico, grandioso, a sua escrita não cabe nas palavras. É a prova viva que alguém com um defeito de fabrico na zona das orelhas pode ter ouvido para a música e escrever magistralmente sobre o que ouve.
A única coisa que lhe posso apontar de estranho é que ele só dá exemplos de bandas do tempo do arco-da-velha, velhas como os cornos e que ninguém com menos que a idade de reforma se lembra.
A verdade é que este gajo se tornou de uma semana para a outra no melhor artigo do Blitz e que é a milhas o melhor crítico que já tive a sorte de poder ler. Qualquer que seja o assunto até agora tem sido a melhor surpresa do ano no nosso querido BULLITZ. Apesar da idade avançada este senhor tem todo o virtuosismo literário, ouvidinho aguçado e estaleca para continuar a mandar postas de pescada da melhor qualidade.
Força MEC, estamos contigo, vais conseguir o dinheiro para a operação aos defeituosos abanos que te impediram de entrar na escola de aviação por desequilibrar os aparelhos!!!

Mec 1

Posso dizer que fiquei absolutamente estupefacto quando li que o ex-Má Língua Esteves Cardoso ia fazer crítica musical no Blitz. Eu fiquei parvo, mas resolvi dar uma hipótese ao "velhote".
Só o conhecia daquele programa e realmente ele e o Pipi-Zink eram realmente os mais fortes e os que mais me divertiam.
Mas será que este velho tem alguma coisa a dizer sobre música? Toda a gente sabe que uma pessoa com mais de 25 anos morre musicalmente e devia ser enterrada juntamente com os seus vinis ou lá o que é que se ouvia na idade média (anos 80).
A verdade é que este dinossauro é velho comós cornos, provavelmente confunde as bandas novas umas com as outras, pronuncia mal o nome do vocalista dos System of a Down e nunca pôs os ouvidos em cima dos Fantômas.
Os problemas de um gajo idoso a escrever sobre música são mais que muitos e dificilmente ele pode escrever sobre algo mais do que o que se passou na sua altura ou o que lhe receitam na farmácia e o que lhe atiram os miúdos quando sai do hospital.
Decidi ler o seu artigo, falava de coisas velhas, a sua relação com a música e tem o hábito dos velhos de falar do percurso da sua vida.
Mas, ai Jesus que vem tudo abaixo, ele escreve bem até dizer chega.
Grandes máximas, diz o que é preciso saber sobre a música hoje em dia.
As bandas velhas só fazem merda... é preciso dizê-lo!!

segunda-feira, março 08, 2004

O MARAVILHOSO MUNDO DO VIDRO ACRÍLICO

Um destes dias passou por mim um camião de uma empresa com um nome meio estranho. Alguém se ia lembrar de chamar à sua empresa O MARAVILHOSO MUNDO DO VIDRO ACRÍLICO?
Isto não é normal! Mas alguém acha que o vidro acrílico tem na realidade uma aura de beleza suficiente para se poder dizer que pertence a um mundo maravilhoso?
Isso é um nome terrível! Que horror, que decadência, que tristeza… que pobre sítio onde esta empresa foi desencantar um nome tão feio.
Isto parece um gozo, um nome a gozar com a era científica, aonde nos tentam vender petróleo com um nome de conchinha amiga do ambiente como faz a Shell, como se fosse uma empresa ecológica de amigos do ambiente que só querem melhorar o mundo.
Enfim, mais um dia mais uma coisa estranha que me passou à frente dos olhos.

domingo, março 07, 2004

O pesadelo dos dentes

Tenho um pesadelo recorrente que me persegue, já há imenso tempo: sonho que me olho ao espelho e que reparo que tenho os dentes diferentes do habitual.
Já me aconteceu sonhar que tinha os dentes todos podres, que tinha os dentes desalinhados, que me olhava e que me caíam uns quantos dentes nesse preciso momento... a última foi... estranha no mínimo... sonhei que tinha três filas de dentes, o número era o mesmo mas não estavam no sítio certo, estavam perfeitamente alinhados, em três filas...debaixo da língua...!!
Serei normal? Será que devo escrever para a revista Maria?
E o meu dentista deverá ser avisado?
Estou num dilema... enfim...

sábado, março 06, 2004

Corta e cola cliché

Vi esta noite o filme de terror totó Cold Creek Mansion.
É uma ridícula cópia rasca do Shining, misturado com o Silence of the Lambs. Ora, o Shining está presente na personagem que mata toda a família porque dá em louco em casa. E claro está, a sua figura física é em tudo parecida, abre portas e janelas à martelada, uma óbvia alteração do famoso machado do pai do «REDRUM kid». No meio de tudo isto está a história do assassino, que em pequenino viveu no meio de matanças gigantescas de ovelhas.
Tudo neste filme é feito à risca através dos métodos descritos no manual do bom seguidor de clichés.
Desculpem eu não traduzir o nome destes três filmes, mas eles têm nomes muito mais conhecidos, adequados e agradáveis do que em português.

sexta-feira, março 05, 2004

Conversas privadas dos condutores de transportes públicos

Há dias de manhã no Metro passou-se uma coisa fora do vulgar. De uma maneira muito simples posso dizer que se podia ouvir a conversa de intercomunicador entre os condutores do metropolitano, nos altifalantes da carruagem do metro. O condutor do metro da parte da frente e o da parte de trás iam na galhofa a falar um com o outro - a comentar a bola, a dizer asneiras, mas sobretudo a comentar as raparigas que viam entrar.
Os passageiros iam muito divertidos a ouvir a conversa, coravam com os muitos palavrões. Alguém imagina que o metropolitano contrata homens das obras para conduzir as carruagens!?
E lá seguiram os condutores sem se aperceberem que estavam a transformar uma centena de passageiros em verdadeiros voyeurs, cuscos metediços, a delirar com as parvoeiras pessoais dos condutores.

quarta-feira, março 03, 2004

Caixa de sapatos de Pandora

Um dia destes tive acesso a um armazém de perdidos e achados duma biblioteca. O objecto que mais me deixou estupefacto foi uma caixinha, muito pequena, de metal muito trabalhado. Muito bonita. No seu interior havia dezenas de unhas religiosamente guardadinhas. Unhas das mãos, unhas dos pés, umas pequenininhas outras faziam inveja a costelas de mamute de tão grandes.
Mas será isto normal? Será que toda a gente tem tesouros esquisitos como estes? Eu sei que eu me impressiono com pouco, mas bolas, isto é estranho até dizer chega.
E eu o que guardaria? Cabelos de familiares, cabelos que apanhe do chão, pelos de cão? Coisinhas que fiquem coladas aos meus sapatos?
Tenho de começar uma colecção estranha. Sim, definitivamente – colocar na lista.

- Plantar uma árvore.
- Escrever um livro.
- Ter um filho.
- Coleccionar coisas estranhas.

terça-feira, março 02, 2004

Colecção incomum

Um amigo meu diz que todas as pessoas que têm colecções de moedas de euro têm uma coisa em comum – nenhuma encontra moedas de Portugal. Ora claro está que se moramos cá, não faz sentido coleccionarmos as nossas próprias moedas.
O que faz parte do nosso dia-a-dia nunca faz parte das nossas colecções. Uma colecção precisa de conter em si coisas fora do comum, certo?
Imagine-se uma colecção de objectos hiper banais, um conjunto de coisas prás quais ninguém olha, ninguém sente a sua presença… Que colecção poderá ser essa? Isso será de certeza um conjunto de bom design. O bom design caracteriza-se por passar despercebido.

segunda-feira, março 01, 2004

O crime não compensa

Muito recentemente fui vítima de uma micro burla!
O que hei-de fazer? Por favor alguém me diga o que fazer.
Recebi no meio de um emaranhado de trocos portugueses uma moeda de 5 cêntimos muito ligeiramente diferente. Quis reparar de que país europeu era, de forma a poder talvez acabar a minha colecção de moedas de euro. Qual foi o meu espanto quando leio nos meus 5 cêntimos de euro: BRASIL. Dizia 5 centavos de um lado e do outro dizia Brasil.
Ora isto é uma burla, uma micro burla, mas é uma burla.
Obviamente que já pus o SIS a tratar do assunto e estão neste momento prestes a deter o suspeito numa aparatosa operação como as que são noticiadas nos telejornais.
Se o crime já por si não compensa, então o crime que tem de rendimento pouco mais de 3 cêntimos muito muito menos.
O crime não compensa, especialmente o micro crime.