sexta-feira, dezembro 19, 2008

Rápido traz a camcorder - Está ali um dos Big bangs

Estava a pensar que a luz é aquilo que propaga a imagem.
A imagem das coisas afasta-se de qualquer objecto em que a luz reflecte à velocidade da... luz.
Porque o espaço é infinito, é possível em teoria vislumbrarmos ainda todas imagens de todos os momentos que alguma vez se passaram desde toda a eternidade.

Para isso "basta" que nos afastemos o suficiente para apanhar os raios de luz que reflectiram um qualquer momento do tempo.

Idealizo uma viagem no espaço, acima da velocidade da luz, que ultrapasse todos os raios de luz que existiram desde o início dos tempos. Com o propósito de vislumbrar o primeiro momento que existiu.

Deixo para isso de lado a ideia de que o tempo foi criado ao mesmo tempo que o espaço no momento do Big Bang e que ambos, o tempo e o espaço, foram sendo criados e como que floresceram e aumentaram juntos desde esse momento. O problema é que se eu sair do espaço que existe, se passar para o sítio que ainda não existe porque ainda não foi criado, fico num sítio que não existe ainda. Supostamente o espaço material foi criado no Big Bang e desde então tem emanado daí. É possível ainda ver o primeiro rasgo de luz do Big Bang que se afasta criando tempo e espaço à medida que avança.

Quero poder ir apanhar essa imagem ao primeiro momento do tempo e do espaço para poder dizer: -Toma, Deus não criou isto tudo... a imagem mostra claramente que foi o Madoff.

Os primeiros raios de luz de sempre vagueiam ainda no espaço e afastam-se à velocidade da luz da sua origem.

Um passo para ver a origem da existência é pensar ao nível da lógica do real possível na origem da possibilidade, do espaço infinito e do tempo infinito.

Se alguém já estiver farto da constante repetição das palavras: infinito, possibilidade, espaço e tempo - é favor levantar o braço. Eu páro, mas só se puder dizer que a reflexão da minha imagem a passar férias com os meus avós na província nos anos 80, ainda vagueia pelo espaço e afasta-se continuamente de mim.
Pela lei das probabilidades a minha imagem irá percorrer o espaço muito para além da minha existência orgânica. Sempre a mesma coisa. Tal como com os Beatles.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Não existes, pronto, mas corta as unhas que pareces um coitadinho com as unhas todas enormes

Não existe presente. Não o presente de natal, o outro.
Não existe o momento agora. É fugidio. Ilude a definição por não possuír matéria com propriedades tangíveis.

Se tentarmos contabilizar o presente, apenas conseguimos contabilizar o momento anterior. Se formos capazes de pegar num relógio e contar o momento, então já só contamos o passado.
Não existe o momento presente.

O momento presente é a sinergia entre os factos já decorridos e a totalidade das possibilidades e probabilidades de acotecimentos intangíveis do tempo no espaço. Um cruzamento que desafia a definição. Uma coisa que não existe ainda - o futuro - cruza-se com outra que coisa que não existe, o passado - os momentos que já não existem. Nessa encruzilhada de inexistências, estamos nós num vazio temporal. Vivemos numa teia gigante de possibilidades e probabilidades.

Vivemos convencidos da nossa superioridade por realmente existirmos no tempo presente - desejosos de poder (existir) - a vontade de poder sinto muitas vezes que é na verdade desejo de existir e de ultrapassar o vazio temporal, a massa que não existe a que carinhosamente chamamos presente - quem está presente está "existente". Quero com isto dizer que o que quer que exista no momento presente está num estado de existência factual, passa para ser passado daí que tenhamos a certeza que realmente existiu, porque é um facto do passado já presenciado. Quero fazer notar tudo aquilo que passa para o passado de uma certa forma já não existe. Isto porque se algo está presente no momento da existência, ou seja, no momento presente, então tem a sua existência num estado que não existe tangívelmente, por isso duvido da sua verdadeira existência também. Friso a ideia básica de que quem passa para o passado já não existe. Nós queremos poder, porque queremos existir.

A expressão: Tudo pode acontecer - tem uma certa lógica neste raciocínio simples e tosco, mas a frase revela a sua imperfeição. Tudo pode acontecer, mas pela infinitude das probabilidades isso impossibilita a existência de predestinação. Não há destinos pré-traçados para ninguém. Aquilo que está a acontecer agora é ao acaso que se desenrola e foi precedido por um infinito número de todas as situações possíveis resultantes. É o acaso da repetição infinita e a indiferença da acção presente, aquilo que acontece e aquilo que fazemos e decidimos perde todo o significado.
Se já tudo aconteceu na precedente sequência infinita de acontecimentos o nosso arbítrio é circunscrito pela pequena janela temporal que é a nossa vívida ilusão do momento presente.
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Isto faz com que a nossa decisão, o nosso "livre" arbítrio seja matemáticamente impossível de ser original, é impossível de ser destituído de paralelo ou diferente em alguma maneira. Se o universo existe desde um periodo infinito de tempo então pelas probabilidades todos os acontecimentos já decorreram em todas as diferentes possibilidades.

As possibilidades são tão grandes, que no infinito do tempo e do espaço é impossível não existir um momento que nunca tenha existido antes.

Pelas probabilidades do tempo infinito, já tudo aconteceu antes, de todas as formas, de todas as maneiras impensáveis. Esta ideia fez-me pensar n'As Cidades Invisíveis do Calvino com olhos ainda mais mergulhados na sequência de urbes impossíveis e imaginárias.

A nossa imaginação não se chega sequer perto da vastidão do tempo perpétuo e das improváveis realidades possíveis.

O tempo faz com que no espaço, exista tudo aquilo que com a quantidade certa de tempo seja possível.
Tempo infinito, possibilidades infinitas, espaço infinito. Tudo o que é possível já aconteceu e tudo está ainda para acontecer já aconteceu também.

Tal como no meio da sequência infinita de números primos encontramos todas as probabilidades de sequências de números. O que faz com que encontremos sequências de números que correspondem a letras precisamente iguais a livros inteiros, por exemplo, letra por letra.

Estamos longe de perceber aquilo que o conceito de infinito nos pode dar a conhecer. O absoluto infinito temporal é tudo o que existiu antes, tudo o que existiu depois, tudo o que já se repetiu de todas as formas possíveis e tudo aquilo que vai existir e poderá alguma vez ser uma possibilidade.

Só para ser diferente do absoluto infinito precedente e seguinte hoje quero um café e um livro.

Como se a nossa vida fosse curta demais a humanidade elaborou uma realidade alternativa que tal como o nosso momento presente também não existe na forma terrena a que estamos habituados a conhecer. Fisicamente inexistente a internet emula muito bem a nossa realidade presencial - e é penso eu uma boa forma de perceber a dúvida acerca da existência e do real inexistente.

O presente não existe, o futuro não existe, o destino não existe e o nosso arbítrio longe de ser livre é indiferente por ser apenas uma das possibilidades do conjunto infinito de possibilidades pelas quais o universo toma o seu caminho eterno.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

O primeiro homem

O primogénito homo sapiens sapiens não foi Adão. Chamava-se Diogo Felipe.

O primeiro homem poderá ser culpado de todos os actos futuros dos seus descendentes, até ao momento presente?
Não. Isto porque o futuro não existe. Aquilo a que atribuímos o nome de futuro é na sua essência o conjunto de possibilidades e probabilidades. É apenas a vastidão absoluta de hipóteses de acontecimentos, situações, factos. Tempo... que ainda não aconteceu. Que não existe.
O futuro não existe.

O primeiro homem não podia ter fugido ao acaso de ter gerado uma horda de sórdidos, desonrados, desordeiros (que adoram usar aliterações a torto e a direito). Nós, os que o presente vivem e que nele acreditam por causa do fluxo contínuo dos dias e do aborrecimento da vida mundava. Nós, a humanidade filha. Nós, os comedores de Pringles somos os culpados do primeiro homem e da sua primordial má acção.
Filhos do pecado original uma ova. Nós somos reles, tal como todos os que nos precederam e os próximos iludidos.

Não existe futuro, não há destino e o nosso arbítrio longe de ser livre, é estreito, curvilíneo e totalmente indiferente, quase aleatório.

Que se queime a esperança e o seu amigo bom senso.