sexta-feira, abril 23, 2004

Canção do alto

Melhor que todas as intervenções dos empreiteiros nas ruas de Lisboa, só mesmo uma coisa. No tal prédio por onde passei, algo me surpreendeu. Por debaixo dos panos monumentais, um dos operários cantava. Mas cantava com toda a força, descontraidamente, como se ninguém o ouvisse, como no duche. Cantava em crioulo, muito catita, num misto de peixeirada urbana com laivos de Cesária Évora.
Toda a rua tomava o sabor da música, meio triste, meio parva, muito saloia e muito relaxada. E ainda bem.
Foi muito curioso, porque eu não o consegui ver, estava completamente escondido pelos panos do prédio. Só faltavam os críticos e os convidados, para esta instalação cantante ser uma bela obra de arte.

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