sexta-feira, outubro 12, 2007

Um lugar comum aonde nunca ninguém esteve

Um destes dias passei na Galeria Módulo e tive uma óptima surpresa. No meio da exposição colectiva, sobretudo com temas florais aquilo que realmente me tocou foi um trabalho sobre papel.
Aproximei-me e não percebi nenhuma imagem. No entanto com atenção pude ver que existiam diferenças de reflexo. Não havia cor. Só havia o branco do papel. E por cima em alguns sítios a artista tinha colado pedaços de fita-cola. Ao observar toda a imagem com o ângulo certo, o reflexo mostrava uma imagem perfeita de uma jarra com flores.
Uma imagem perfeita, quase fotográfica, formada por pedacinhos de fita-cola posicionados como se de pinceladas se tratassem.
Fui tomado pela sensação única de presenciar o elemento intangível comportado no objecto artístico a entrar em existência.
Sublime? Será oportuno usar esta expressão tão especial?
Senão agora quando?

A artista plástica é a Ana Mata e a sua reinterpretação deste tema já longamente explorado é brilhante e inovador.
Já anteriormente pude ver trabalhos dela em que usava fita-cola com impressões digitais sujas de pó de carvão impressionantes. Julgo no entanto o trabalho desprovido de contraste um objecto muito especial e superior.

Não acredito em temas vulgares. Existem apenas pontos de partida comuns e pontos de chegada interessantes ou não.
Espero nunca perder de vista o trabalho e a visão desta artista.

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