sábado, janeiro 10, 2004

Oh Mon Ami

Um dia nos meus tempos de escola, eu e um par de colegas metemos conversa com uma personagem. O senhor de aspecto lunático apresentava-se bem vestido, com um fato e gravata mas com um aspecto muito velho e grisalho.
Falava com tudo e todos, misturando português e francês em voz baixa e simples.
Quando lhe dissemos uma palavrinha em francês, o homem fez uma festa tal que parecia que tinha reencontrado amigos de longa data, gritando e esbracejando como se a felicidade fosse demais para ficar contida.
Gritava: -Mon ami! Gritava pelos Champs Ellisés e pelo Montmartre.
Visivelmente embriagado, tentou por algumas vezes apoiar-se numa parede que parecia fugir ás suas mãos.
Falámos com ele uma data de vezes, era muito simpático, era o nosso Ami!

A última vez que o vi, vinha ele no autocarro, embriagado como sempre, a pregar uma grande seca a um senhor de cor que trazia vestidas vestes tradicionais africanas e ele vinha-lhe a contar dos seus amigos argelinos que tinha tido em França.
Pobre senhor que não era argelino. Não conhecia o nosso Ami de lado nenhum e não tinha a paciência da minha malta sempre pronta para a paródia com o “Francês”.

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